Minicursos

MINICURSO: A arte como imitação da natureza: Aristóteles e Kant
Profa. Dra. Maria Gabriela Azevedo e Castro

RESUMO

A Filosofia é a dimensão do saber que, de um modo muito peculiar, nos interpela face ao mundo que nos rodeia. A arte é um dos campos sobre o qual a Filosofia reflecte e uma das linguagens com a qual, e pela qual, o homem se expressa e comunica. Por isso, teremos de compreender o universo ontológico em que nos encontramos, quando dela falamos, e onde a realidade semântico-filosófica das palavras esconde e desvela diferenças profundas. Assim, afirmar em Aristóteles, “A arte é imitação da natureza”, e fazer a mesma afirmação, em Kant, altera profundamente a inteligibilidade da frase. Pretendemos mostrar essa diferença.


MINICURSO: A práxis em Gadamer
Prof. Gustavo Silvano

RESUMO

A reivindicação que Gadamer faz de um caráter prático para a hermenêutica filosófica se deve, em grande parte, a uma releitura da filosofia prática de Aristóteles – tendo como principal referência o livro VI da Ética a Nicômaco – fortemente influenciada pela leitura ontológica proposta por Martin Heidegger. A retomada das noções aristotélicas, principalmente, depráxis e phronesis, oferece a Gadamer a possibilidade de realçar uma implicação ético-política no cerne da questão da compreensão. Esta última passará a ser pensada nos termos dainterpretação-aplicação que ocorre no âmbito da vida prática, onde toda compreensão encontra-se operante enquanto dimensão fundamental de todo lidar com as coisas. Por essa razão, a relação entre hermenêutica e práxis abre um âmbito de reflexão e discussão que tem como principal objetivo um engajamento em defesa da razão prática, em detrimento da consideração de que toda racionalidade deve se apresentar, fundamentalmente, como lógico-científica. Deste modo, visamos com este trabalho refletir sobre a questão da práxis tal como pensada por Gadamer, apontando para uma pretensão filosófica fundamental: a defesa de uma universalidade para sua ontologia da compreensão. Para Gadamer, pensar uma hermenêutica filosófica é pensar a experiência universal de compreensão mútua que é inseparável do acontecer da vida em comum. É este o âmbito, a um só tempo, compreensivo e prático da sua hermenêutica filosófica. 
MINICURSO: UM DIA NUMA SALA:
A COMPREENSÃO DO CONFLITO INTERSUBJETIVO EM J. P. SARTRE A PARTIR DO SERIADO DR. HOUSE.
Prof. Alessandro Pimenta e Prof. Sebastião Linhares Bezerra.

RESUMO

House M.D. foi uma das séries televisivas de maior audiência em todo mundo. Exibida originalmente nos Estados Unidos pela Fox, no Brasil pôde ser assistida no Universal Channel e na Rede Record. Alguns ingredientes foram garantia quase certa de sucesso, por pertencerem a aspectos da vida interna de cada um de nós: dinâmicas de personalidade complexas, difíceis de definir por generalizações de bom e mau; mais indivíduos com características marcantes, sem uma moralidade tradicional, que cativam por suas especificidades; além de pessoas que desempenham muito bem seu lado profissional, mas são emocionalmente imaturas, como tantos de nós. Em um dos episódios, há claras referências às obras do Filósofo Existencialista J. P. Sartre. Sartre escreveu sobre a natureza antagonista e essencial dos outros em sua comédia sombria Entre quatro paredes. O cenário e a mensagem dessa peça são incrivelmente semelhantes ao episódio Um dia numa sala do seriado House M.D. Usando uma metáfora médica, Sartre afirma que o mundo é “infectado” pelos outros. De modo semelhante, House retrata a presença dos outros como um mal ontológico e, ao mesmo tempo, uma necessidade. Sartre chamou a atenção para o grau em que nossa identidade é formada por outras pessoas: são os outros que nos permitem desenvolver um sentimento de identidade, e as pessoas com as quais nos sentimos mais à vontade são aquelas que nos "devolvem" uma imagem adequada de nós mesmos. Sendo assim: qual contribuição o existencialismo humanista de J. P. Sartre pode e deve oferecer a todos nós? Para responder a este questionamento, o curso pretende interpretar a série de televisão House M.D., a partir de um de seus episódios, e o conflito intersubjetivo a partir do enfoque fenomenológico sartreano e do conceito de Mediação de Paul Ricoeur.

MINICURSO: GADAMER E A DIALÉTICA HEGELIANA NA FENOMENOLOGIA DO ESPÍRITO

Prof. Dr. Sérgio Ricardo Silva Gacki
Prof. Dr. Wellington Lima Amorim


RESUMO




Nos escritos de Gadamer sobre Hegel se assiste a um exercício do compreender como diálogo com a tradição; diálogo que alcança nosso presente e no qual andamos buscando respostas às perguntas próprias de nossa situação, porém, determinadas em parte pelas tradições que nos interpelam. Esse é o primeiro elemento que apresentamos como justificativa para o tema que nos propomos a desenvolver neste minicurso. A resposta insatisfatória do método científico para asciências do espírito moveram Gadamer na busca de soluções para este problema na tradição, nesse sentido é que se entende e justifica-se em sua aproximação da obra hegeliana. A obra de um pensador vive através das interpretações que no transcorrer do tempo encarnam sua unidade na fusão de horizontes sempre em movimento. Assim, Gadamer encontra pertinentemente seu ponto crítico frente a Hegel ao projetar a descrição hegeliana do “conceito de experiência dialética da consciência” em direção ao sentido mais amplo de experiência. No diálogo com a tradição, desde o horizonte da própria situação, encontramos certa afinidade entre o momento histórico-filosófico a que responde o pensamento de Hegel no fim do século XVIII e aquele no qual surge a proposta da filosofia hermenêutica no século XX. Ambos em seus momentos fazem frente a um conflito entre iluminismo e romantismo. O respeitável esforço do método dialético hegeliano em opor-se ao espírito instrumental reinante na época oferece uma reflexão profunda, que Gadamer absorve com as devidas proporções e limitações para o desenvolvimento de sua hermenêutica filosófica.

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